Unnaturak disasters & disasters by choice | 3 de dezembro de 2021 | https://www.preventionweb.net/event/unnatural-disasters-disaster-coice |
Technical Forum on Sendai Framework Monitoring | 7 e 8 de dezembro de 2021 | https://www.undrr.org/event/technical-forum-sendai-framework-monitoring |
Asia-Pacific Partnership for Disaster Risk Reduction (APP-DRR) Forum 2021 | 8 e 9 de dezembro de 2021 | https://www.undrr.org/event/asia-pacific-partnership-disaster-risk-reduction-app-drr-forum-2021 |
How Sustainability Indicators Can Drive Better Decision-Making: Lessons From Argentina and Brazil | 9 de dezembro de 2021 | https://www.wri.org/events/2021/12/sustainability-indicators-decision-making-argentina-brazil |
Future urban risk landscape and the role of insurance – #riskconversations | 9 de dezembro de 2021 | https://www.preventionweb.net/event/future-urban-risk-landscapes-and-role-insurance-riskconversations |
Summit Cidades | 9 e 10 de dezembro de 2021 | https://www.sympla.com.br/evento/summit-cidades/1374277 |
Symposium on Integrating Disaster Risk Management with Emergency Services and Defence to Reduce Avoidable Disaster Deaths | 10 de dezembro de 2021 | https://www.preventionweb.net/event/symposium-integrating-disaster-risk-management-emergency-services-and-defence-reduce |
COVID-19 Pandemic: What have we learnt from a risk management perspective? | 10 de dezembro de 2021 | https://www.preventionweb.net/event/covid-19-pandemic-what-have-we-learnt-risk-management-perspective |
UNDRR ROAMC: Webinar Comprehensive Climate and Disaster Risk Management | 17 de dezembro de 2021 | https://www.undrr.org/event/undrr-roamc-webinar-comprehensive-climate-and-disaster-risk-management |
Autor: lariresilio
Calendário de eventos (Nov. 2021)
Calendário de eventos (out. 2021)
II Seminário Internacional de Desnaturalização dos Desastres e Mobilização Comunitária: crises ampliadas, redes e resistências | 4 a 8 de outubro de 2021 | http://seminario.desnaturalizacao.lamce.coppe.ufrj.br/sobre |
UN Biodiversity Conference (COP 15) | 11 a 15 de outubro de 2021 | https://www.unep.org/events/conference/un-biodiversity-conference-cop-15 |
Innovative4Cities Conference | 11 a 15 de outubro de 2021 | https://i4c.conference.evey.live/conferences/innovate-4-cities/pages/i4c-home |
International Day for Disaster Risk Reduction | 13 de outubro de 2021 | https://iddrr.undrr.org/ |
Cidades que se reinventam | 13 de outubro de 2021 | https://www.sympla.com.br/cidades-que-se-reinventam-2021__1292585 |
Webinar – A ascensão da China: sistema internacional, crise das democracias e governança do clima | 13 de outubro de 2021 | https://www.sympla.com.br/webinar—a-ascensao-da-china-sistema-internacional-crise-das-democracias-e-governanca-do-clima__1339803 |
A Dialogue on the Spectrum of Urgent and Risk-Centered Climate Actions | 26 de outubro de 2021 | https://www.undrr.org/event/dialogue-spectrum-urgent-and-risk-centered-climate-actions |
Lab4Cities Digital – Cidades Inteligentes | 26 de outubro de 2021 | https://www.sympla.com.br/lab4cities-digital—cidades-inteligentes__1322979 |
Waste Expo Brasil | 26 a 28 de outubro de 2021 (São Paulo) | http://www.wasteexpo.com.br/ |
Calendário de eventos (Set. 2021)
A comunicação do alerta: Caminhos da informação sobre os riscos até a sociedade | 1 de setembro de 2021 | https://www.youtube.com/watch?v=AaH8-g5BkNM |
UNEP at IUCN World Conservation Congress | 3 a 11 de setembro de 2021 | https://www.unep.org/events/conference/unep-iucn-world-conservation-congress |
MCR2030: Strengthening national-local collaboration towards making cities resilient in Asia-Pacific | 8 de setembro de 2021 | https://www.undrr.org/event/mcr2030-strengthening-national-local-collaboration-towards-making-cities-resilient-asia |
Webinar | Implementando Cidades Inteligentes e Humanas | 9 de Setembro de 2021 | https://www.sympla.com.br/webinar–implementando-cidades-inteligentes-e-humanas__1292920 |
DRR Implications of the IPCC AR6 WG-I Report: The Need for Urgent Action | 16 de Setembro de 2021 | https://www.undrr.org/event/drr-implications-ipcc-ar6-wg-i-report-need-urgent-action |
Transforming Cities for People and Planet through Integrated Urban Development | 21 de setembro de 2021 | https://www.wri.org/events/2021/9/transforming-cities-urban-shift-launch |
GLF Amazonia (evento gratuito para residentes de países latino-americanos) | 21 a 23 de setembro de 2021 | https://events.globallandscapesforum.org/amazon-2021/ |
[MCR2030-UNDRR-CBI] The Power of Resilience: Developing Local Sustainable Finance | 23 de setembro de 2021 | https://www.undrr.org/event/mcr2030-undrr-cbi-power-resilience-developing-local-sustainable-finance |
International Urban Resilience Forum SEOUL 2021 | 28 de setembro de 2021 | https://www.undrr.org/event/international-urban-resilience-forum-seoul-2021 |
Calendário de eventos (ago. 2021)
Agenda Pública Legislativa em Cidades Humanas, Inteligentes e Sustentáveis: Compromissos e ação. | 9 e 11 de agosto de 2021 | https://www.sympla.com.br/agenda-publica-legislativa-em-cidades-humanas-inteligentes-e-sustentaveis-compromissos-e-acao__1283969 |
Water and Climate Change Conference – Accelerating Youth Action on Climate Change in Namibia | 11 de agosto de 2021 | https://events.unesco.org/event?id=1159148883&lang=1033 |
Lançamento do Inventário de Gases de Efeito Estufa de Porto Alegre | 12 de agosto de 2021 | https://us02web.zoom.us/meeting/register/tZUkcOCsqjgoGNFHncpWIWEatfv_lbK2xmJf |
Training: ARSET – Satellite Observations for Analyzing Natural Hazards on Small Island Nations | 18, 24 e 26 de agosto de 2021 | https://appliedsciences.nasa.gov/join-mission/training/english/arset-satellite-observations-analyzing-natural-hazards-small-island?utm_source=social&utm_medium=ext&utm_campaign=Islands-21 |
Cities of Tomorrow 2021 | 18 e 19 de agosto de 2021 | https://www.exbinar.com.br:863/App/Seminarios/Seminario |
World Water Week 2021 | 23 a 27 de agosto de 2021 | https://www.worldwaterweek.org/ |
Calendário de eventos (Jul. 2021)
Calendário de eventos (Jun. 2021)
Obesidade infantil e as oportunidades das Cidades Saudáveis na oferta de um ambiente promotor de saúde, alimentação saudável e atividade física | 2 de junho | https://www.linkedin.com/events/6803669558931570688/ |
Dia Nacional da Educação Ambiental – Juventude e seus espaços de representação | 2 de junho | https://www.youtube.com/watch?v=iy42SSmCjdg |
Disaster Displacement and Anticipatory Financing | 3 de junho | https://www.preventionweb.net/events/view/78063?id=78063 |
Cambridge Climate & Sustainability Forum 2021 | 4 e 5 de junho | https://www.eventbrite.co.uk/e/sustainability-in-action-cambridge-climate-and-sustainability-forum-2021-tickets-154421473785 |
A Growing Crisis: The Launch of the World Climate and Security Report 2021 | 7 de junho | https://us02web.zoom.us/webinar/register/WN_KjQxwlkGQwqzuzlM8pboYg |
How to make cities more resilient | 8 de junho | https://www.sei.org/events/how-to-make-cities-more-resilient/ |
The Integrated Research on Disaster Risk 2021 International Conference | 8 a 10 de junho | http://conference.irdrinternational.org/ |
ADRC First Seminar: Investing in Disaster Risk Reduction for a Resilient Society | 15 de junho | https://www.adrc.asia/acdr/drr2021seminar.php |
World Cities Summit 2021 – Livable and Sustainable Cities: Adapting to a disrupted world | 20 a 24 de junho | https://www.icleioceania.org/new-events/2020/7/5/world-cities-summit-2020-singapore |
OpenBlue Summit Latin America 2021 | 22 a 24 de junho | https://jciopenbluesummit.com/?lang=pt |
Driving Urban Transitions towards Sustainable Futures: A workshop for experts from Latin America and the Caribbean | 28 de junho | https://jpi-urbaneurope.eu/event-calendar/driving-urban-transition-towards-sustainable-futures-an-online-workshop-for-experts-from-latin-america-and-the-caribbean/ |
Fórum “Cidades Inteligentes 2021 – Cidades Inteligentes e Resiliência na Europa” | 29 de junho | https://www.2021portugal.eu/pt/eventos/forum-smart-cities-2021-smart-cities-and-resilience-in-europe/ |
Dimensões da cidade resiliente

Já mencionamos em artigos anteriores que resiliência não implica voltar ao estado anterior ao fator disruptivo, mas sim se recuperar e, nesse processo, se fortalecer. Por se tratar de uma questão complexa, em que os diferentes setores da gestão urbana se envolvem e se influenciam mutuamente, as ações para melhoramento da resiliência urbana devem se destinar não só às infraestruturas físicas, mas a todos os sistemas que compõem o meio urbano.
Utilizamos a palavra “dimensões” para, dentre outros significados, nos referir à extensão mensurável de determinado elemento – isto é, o espaço por ele ocupado, seja este espaço físico ou abstrato. Nesse sentido, podemos ainda nos referir a dimensões da cidade resiliente como aspectos que compõem a resiliência urbana, que, por sua vez, podem ser utilizadas para desenhar modelos e teorias que simplificam uma realidade complexa, sistematizando e facilitando o entendimento. Além disso, tais modelos podem construir bases fundamentais para, por exemplo, promover a avaliação da resiliência urbana, à medida que cada dimensão agrupa um conjunto de indicadores. Mas deixemos a questão da avaliação para o futuro, pois neste artigo o foco será apenas dimensões.
O primeiro modelo a ser mencionado é utilizado por diversas organizações e pesquisadores. Trata-se de um entendimento que compreende a resiliência em 4 dimensões: econômica, ambiental, social e político-institucional. Cada uma dessas dimensões agrupa uma gama de serviços essenciais para a sobrevivência humana, tais como:
– Dimensão econômica: produção industrial, geração de emprego e renda, desenvolvimento de inovação e de capacidades humanas;
– Dimensão ambiental: manutenção dos recursos naturais, equilíbrio dos serviços ecossistêmicos, bem estar ambiental;
– Dimensão social: saúde, igualdade de gênero, acesso à cultura e lazer;
– Dimensão político-institucional: transparência da administração pública, acesso à informação, participação popular.
Este modelo quadripartido é utilizado, por exemplo, pelo Escritório das Nações Unidas para Redução do Risco de Desastres (UNDRR). [1] Com essa divisão, pode-se pensar numa gama de ações fundamentais a ser tomadas para cada dimensão, por exemplo:
– A dimensão econômica deve buscar diversificação das atividades econômicas, redução da pobreza e continuidade de negócios locais;
– A dimensão ambiental precisa incorporar medidas para proteger recursos naturais existentes, bem como recuperar áreas degradadas;
– A dimensão social requer garantia de acesso a serviços básicos, bem como participação e integração de múltiplos stakeholders; e
– A dimensão político-institucional requer, dentre outras estratégias, a coordenação intersetorial de políticas públicas e melhoria das capacidades institucionais.
A OECD também utiliza o modelo quadripartido [2, 3]. Cada dimensão é entendida como uma área que impulsiona a resiliência, enquanto cada área abriga as respectivas atividades relevantes: diversificação das indústrias e inovação, bem como acesso à boas condições de emprego (dimensão econômica); sustentabilidade e adequação do desenvolvimento urbano, da infraestrutura e da gestão de recursos naturais (dimensão ambiental); inclusão e coesão entre as pessoas (dimensão social); e liderança, colaboração e participação (dimensão político-institucional).
A Fundação Rockefeller publicou em 2015 outro modelo bastante conhecido: o Quadro de Cidades Resilientes (City Resilience Framework – CRF), uma ferramenta para visualizar as forças e fraquezas das cidades no campo da resiliência. Neste caso, embora ainda se tratem de 4 categorias, a divisão é um pouco diferente: (I) saúde e bem estar; (II) economia e sociedade; (III) infraestrutura e meio ambiente; e (IV) liderança e estratégia. [4] Percebe-se que os elementos econômico e social ainda estão presentes, mas sob uma mesma divisão, enquanto o elemento ambiental é agrupado à infraestrutura para compor o espaço físico. Além disso, neste modelo, a dimensão político-institucional é substituída pela figura da liderança e estratégia, o que destaca a importância das comunidades e líderes locais no processo decisório. Por fim, podemos localizar uma atenção especial para a questão da saúde e bem estar, uma das questões mais urgentes e evidentes num contexto de desastre.
Uma investigação mais minuciosa pela literatura pode encontrar diversos outros modelos para compreender as dimensões da resiliência. Sharifi e Yamagata (2016), por exemplo, propõem 5 dimensões [5]:
– Dimensão da economia, que se refere à estrutura da economia, bem como à sua segurança, estabilidade e dinamismo, associada às capacidade e habilidades das pessoas, bem como disponibilidade de trabalhos razoavelmente remunerados.
– Dimensão material e de recursos ambientais, que remete à qualidade, disponibilidade, acessibilidade e conservação dos recursos (que por sua vez providenciam serviços ecossistêmicos essenciais).
– Dimensão da sociedade e bem estar, que influencia a auto-suficiência e resiliência de uma comunidade.
– Dimensão do ambiente construído e infraestrutura, que recomenda multifuncionalidade de espaços urbanos, bem como monitoramento regular das estruturas associado à requalificação ambiental.
– Dimensão da governança e instituição, que almeja eficiência das relações entre comunidades e entidades da administração, além do fortalecimento e empoderamento das lideranças locais, com incentivo à transparência, participação popular e colaboração no compartilhamento de informações e na tomada de decisões.
Outros modelos encontrados na literatura foram aqueles propostos pelo Centro Multidisciplinar de Pesquisa da Engenharia dos Terremotos (MCEER), nos Estados Unidos. [6] O primeiro modelo (2006) utilizava 4 dimensões da resiliência (técnica, organizacional, social e econômica), enquanto o segundo modelo (2010) estabeleceu 7 dimensões (população e demografia, ecossistema e meio ambiente, serviços governamentais organizados, infraestrutura física, estilo de vida e competência da comunidade, desenvolvimento econômico e, por fim, capital social e cultural). Interessante observar que os modelos não são apenas nomes e caixinhas, mas produzem consequências na forma como compreendemos a resiliência: o primeiro modelo focava em políticas reativas, isto é, na resposta aos desastres, enquanto o segundo modelo passou a se preocupar também na mitigação e preparação para futuros eventos com potencial danoso.
Observamos neste artigo que os elementos econômico, ambiental, social e institucional estão presentes em todos os modelos acima referidos, ainda que as dimensões sejam divididas de diferentes formas, com mais foco em um ou outro aspecto. Não podemos decidir quais modelos estão corretos ou incorretos, mas talvez possamos discutir qual modelo é mais adequado para determinado caso e suas respectivas particularidades, demandas e emergências. Ademais, sendo simplificações da realidade, os modelos possuem limitações. As divisões facilitam a elaboração de planos setoriais, a definição de estratégias temáticas e posterior avaliação das políticas, mas as dimensões não abrigam núcleos independentes, mas sim sistemas que se relacionam e se intersectam.
[1] Fonte: UNDRR (2012). Como Construir Cidades Mais Resilientes. Um Guia para Gestores Públicos Locais. Conferir: https://www.unisdr.org/files/26462_guiagestorespublicosweb.pdf
[2] OECD. Resilient Cities. Conferir: https://www.oecd.org/regional/resilient-cities.htm
[3] OECD (2018). Indicators for Resilient Cities. Conferir: https://www.oecd-ilibrary.org/docserver/6f1f6065-en.pdf?expires=1618754659&id=id&accname=guest&checksum=2D83BC3CE3876B499A278115ABD9CEE1
[4] Rockfeller Foundation (2015). City Resilience Framework. Conferir: https://www.rockefellerfoundation.org/wp-content/uploads/100RC-City-Resilience-Framework.pdf
[5] Ayyoob Sharifi e Yoshiki Yamagata (2016). Urban Resilience Assessment: Multiple Dimensions, Criteria, and Indicators. Conferir: https://www.researchgate.net/publication/306016491_Urban_Resilience_Assessment_Multiple_Dimensions_Criteria_and_Indicators
[6] Ronak Patel e Leah Nosal (2016). Defining the Resilient City. Conferir: https://sohs.alnap.org/system/files/content/resource/files/main/DefiningtheResilientCity24Jan.pdf
Calendário de eventos (Mai. 2021)
Addressing COVID-19 for the Environment: Financing Green Recovery | 4 de maio de 2021 | https://www.unep.org/events/online-event/addressing-covid-19-environment-financing-green-recovery |
Integrated Approaches to Sustainable Infrastructure Investment | 5 de maio de 2021 | https://www.unep.org/events/webinar/integrated-approaches-sustainable-infrastructure-investment |
Risk reconsidered – launch of the Recommendations and a Checklist on Scaling up DRR in Humanitarian Action | 5 de maio de 2021 | https://www.undrr.org/event/risk-reconsidered-launch-recommendations-and-checklist-scaling-drr-humanitarian-action |
Together Towards City Resilience: MCR2030 Europe and Central Asia | 6 de maio de 2021 | https://www.undrr.org/event/together-towards-city-resilience-mcr2030-europe-and-central-asia |
Nature-Based Solutions for Climate Change: Reconciling the Good, the Bad and the Ugly | 10 de maio de 2021 | https://www.wri.org/events/2021/5/nature-based-solutions-climate-change-reconciling-good-bad-and-ugly |
UNESCO World Conference on Education for Sustainable Development | 17 a 19 de maio de 2021 | https://events.unesco.org/event?id=275743948&lang=1033 |
6th UN Global Road Safety Week | 17 a 23 de maio de 2021 | https://www.unroadsafetyweek.org/en/home |
I Congresso Latino-americano de Desenvolvimento Sustentável – Pós-pandemia: Como será o mundo depois da crise? | 26 a 28 de maio de 2021 | https://www.eventoanap.org.br/eventos/paginas/evento/25/pagina/287/i-congresso-latino-americano-de-desenvolvimento-sustentavel/sobre-o-evento |
Cidades sustentáveis, resilientes, inteligentes ou criativas?

Cidades sustentáveis? Ou seriam cidades resilientes? E as cidades inteligentes, criativas, ecológicas, de baixo carbono? Cada vez mais observamos o uso dessas terminologias em eventos, notícias e publicações, muitas vezes de maneira intercambiável. No entanto, ainda que uma cidade inteligente possa ser uma ecocidade ou uma cidade criativa possa ser sustentável, a relação não necessariamente é verdadeira, uma vez que seus conceitos não são sinônimos.
Comecemos pelas cidades sustentáveis, provavelmente a categoria mais popular dentre as mencionadas (já que o próprio conceito de sustentabilidade é bastante amplo, podendo se referir a diversas demandas distintas na agenda de políticas públicas). Tais cidades buscam a melhoria do bem-estar e qualidade de vida das pessoas através de um desenvolvimento inclusivo e em equilíbrio com o meio ambiente. [1] Os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU retratam diferentes dimensões de sustentabilidade no âmbito ambiental, social, econômico e institucional. Cidades e comunidades sustentáveis é o décimo primeiro ODS, em que “tornar cidades sustentáveis significa criar oportunidades de carreira e negócio, habitação segura e acessível, e construir sociedades e economias resilientes. Envolve investimentos em transportes públicos, criação de espaços públicos verdes e melhora do planejamento e gestão urbana de maneira participativa e inclusiva”. [2]
A rede ICLEI – Governos Locais pela Sustentabilidade, por sua vez, define cidades sustentáveis como “habitats ambientalmente, socialmente e economicamente saudáveis e resilientes para as populações existentes, sem que comprometa a habilidade das futuras gerações de experimentar o mesmo”. [3] Este conceito trabalha com dois componentes importantes da sustentabilidade, trazidas pelo Nosso Futuro Comum, também chamado de Relatório Brundtland, documento que se tornou referência no conceito de desenvolvimento sustentável desde a década de 1970 até hoje: justiça intergeneracional, referindo-se ao direito das gerações presentes de suprir suas necessidades sem prejudicar o direito das gerações futuras; e justiça intrageracional, que exige solidariedade dentro de uma mesma geração, para que as externalidades negativas do desenvolvimento não sejam sentidas desigualmente pelos grupos mais vulneráveis. [4]
Tanto o conceito trazido pelos ODSs quanto pelo ICLEI utilizam o adjetivo resiliente para se referir a sociedades sustentáveis. Isso significa que cidades sustentáveis e cidades resilientes são sinônimos? Vejamos o próximo termo.
Em publicação passada, nos referimos à resiliência urbana como “a capacidade dos meios urbanos de, através de medidas preventivas e de gestão urbana adequada, resistir, responder e se recuperar de um evento danoso, previsto ou não, de maneira rápida e eficiente, de modo que seus sistemas básicos possam continuar em funcionamento.” Dessa forma, a cidade resiliente é aquela que é capaz de absorver o impacto de um evento danoso e manter seus sistemas essenciais. Similarmente, a cidade sustentável é aquela que, tendo construído estruturas ambientais, sociais e econômicas saudáveis, é capaz de sustentá-las dessa maneira a longo prazo.
Podemos observar, então, que há duas ideias comuns entre as duas categorias: primeiro, tanto a noção de resiliência quanto de sustentabilidade implicam uma ideia de continuidade; segundo, tanto cidades resilientes quanto sustentáveis requerem uma gestão urbana intersetorial, isto é, que inclua diversos setores da agenda pública. Dessa forma, entendemos que a cidade sustentável deve ser resiliente e vice-versa. Contudo, não consideramos os conceitos sinônimos, à medida que as cidades sustentáveis focam no desenvolvimento sustentável, abarcando as noções de justiça intrageracional e intergeracional, enquanto cidades resilientes focam em estruturas flexíveis, preparadas para responder a uma situação de risco.
Outro conceito bastante utilizado nos dias de hoje, com o acelerado desenvolvimento das tecnologias, é o de smart cities ou cidades inteligentes. O conceito smart não se aplica apenas a cidades, podendo ser inclusive incorporado no cotidiano das pessoas. Por exemplo, o uso de um smartphone permite uma facilidade de acesso a diversos tipos de serviço (controle bancário, notícias em tempo real, mapas interativos e constantemente atualizados, entre outros). [1] Assim, a noção de smart frequentemente é associada ao uso de tecnologia, mas não está limitado a isso.
No caso das cidades, uma smart city possui redes e serviços mais eficientes pelo uso de tecnologias digitais e de telecomunicação, não apenas pela melhora do fluxo de informação e comunicação, mas também pelo melhor uso de recursos e redução das emissões. [5] Porém, conforme ponderado pelo Banco Mundial, cidades inteligentes é um conceito que pode ser compreendido por duas visões (que não se excluem): aquela que mencionamos, em que há um intenso uso de tecnologias, com automatização de serviços, incorporação de aparelhos eletrônicos, infraestruturas inteligentes, equipamentos para economia de energia etc.; e aquela em que há uma melhor relação e comunicação entre cidadãos e governos, alavancado pela tecnologia disponível, com maior feedback e participação dos cidadãos, bem como maior transparência das informações possuídas pelo governo. [6] A tecnologia, então, não é um fim em si mesma, mas uma forma de alcançar melhores desempenhos na administração pública, inclusive apoiando soluções mais sustentáveis.
Frequentemente associado ao conceito de smart cities, temos também as cidades criativas, que buscam inovação e desenvolvimento através de serviços e pessoas criativas. São cidades que estimulam tanto a economia criativa local quanto o desenvolvimento de recursos culturais, como língua, gastronomia, lazer e turismo, história e artes. Cidades criativas complementam cidades inteligentes e contribuem para cidades mais resilientes e sustentáveis, à medida que a cultura e criatividade se tornam elementos estratégicos de planejamento, crescimento, inovação e regeneração urbana, promovendo coesão social, bem estar e diálogo intercultural [7], além de promover o desenvolvimento de ideias e capacidades humanas.
Outros termos podem ser utilizados para situações mais específicas aos seus respectivos debates. A publicação do ICLEI, aqui utilizada como referência de leitura, traz, por exemplo, os conceitos de eco-cities e low-carbon cities. [3] Eco-cities ou eco-cidades (também chamadas de resource-efficient cities ou cidades com manejo eficiente de recursos) são aquelas que apresentam desenvolvimento socioeconômico dissociado da exploração abusiva de recursos, buscando atividades de menor impacto ambiental. Low-carbon cities ou cidades de baixo carbono, por sua vez, são aquelas que buscam estratégias para reduzir e neutralizar a geração de carbono na sociedade através de medidas de economia e infraestrutura verdes.
Em suma, as diferentes categorias aqui mencionadas não se excluem e se complementam, mas não podemos considerá-las sinônimos, já que são utilizadas com diferentes focos e para contextos específicos. Sejam cidades sustentáveis, resilientes, inteligentes ou criativas, o objetivo dentre elas é comum: melhorar a qualidade de vida e bem estar das pessoas.
[1] SEBRAE (2019). Cidades resilientes e sustentáveis. Disponível em: http://sustentabilidade.sebrae.com.br/Sustentabilidade/Para%20sua%20empresa/Publica%C3%A7%C3%B5es/CAR_Cidades_port_digital.pdf
[2] UNDP (2021). Goal 11: Sustainable cities and communities. Disponível em: https://www.undp.org/content/undp/en/home/sustainable-development-goals/goal-11-sustainable-cities-and-communities.html
[3] ICLEI (2016). ICLEI – Local Governments for Sustainability. Disponível em: https://e-lib.iclei.org/wp-content/uploads/2016/10/ICLEI-Brochure_Sept-2016_Final.pdf
[4] WCED (1987). Our Common Future. https://sustainabledevelopment.un.org/content/documents/5987our-common-future.pdf
[5] European Commission (2021). Smart cities. Disponível em: https://ec.europa.eu/info/eu-regional-and-urban-development/topics/cities-and-urban-development/city-initiatives/smart-cities_en
[6] World Bank (2015). Smart Cities. Desponível em: https://www.worldbank.org/en/topic/digitaldevelopment/brief/smart-cities
[7] UNESCO (2021). Why Creativity? Why Cities? Disponível em: https://en.unesco.org/creative-cities/content/why-creativity-why-cities